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O Sábado Santo é um dia “não-normal”, porque a morte de Jesus na Cruz deixa o silêncio, o vazio e a obscuridade.
“E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo” (Jo 6,51)
“Quem vos recebe, é a mim que está recebendo; e quem me recebe, está recebendo Aquele que me enviou” (Mt 10,40)
“Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra...” (Mt. 16,19)
Diante da presença e da ação do Deus Trinitário, afogam-se as palavras, desfalecem as imagens e morrem as especulações.
“Vós sois o sal da terra… Vós sois a luz do mundo” (Mt 5,13-14)
Todos os anos, o 4º. Domingo de Páscoa inspira-se na imagem do “Bom Pastor”.
“Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles” (Lc 24,15)
A Santa Sé
MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA O I DIA MUNDIAL DOS POBRES
XXXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM (19 DE NOVEMBRO DE 2017)
«Não amemos com palavras, mas com obras»
1. «Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade» (1 Jo 3, 18). Estas palavras do apóstolo João exprimem um imperativo de que nenhum cristão pode prescindir. A importância do mandamento de Jesus, transmitido pelo «discípulo amado» até aos nossos dias, aparece ainda mais acentuada ao contrapor as palavras vazias, que frequentemente se encontram na nossa boca, às obras concretas, as únicas capazes de medir verdadeiramente o que valemos. O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus, e João recorda-a com clareza. Assenta sobre duas colunas mestras: o primeiro a amar foi Deus (cf. 1 Jo 4, 10.19); e amou dando-Se totalmente, incluindo a própria vida (cf. 1 Jo 3, 16).Um amor assim não pode ficar sem resposta. Apesar de ser dado de maneira unilateral, isto é, sem pedir nada em troca, ele abrasa de tal forma o coração, que toda e qualquer pessoa se sente levada a retribuí-lo não obstante as suas limitações e pecados. Isto é possível, se a graça de Deus, a sua caridade misericordiosa, for acolhida no nosso coração a pontos de mover a nossa vontade e os nossos afetos para o amor ao próprio Deus e ao próximo. Deste modo a misericórdia, que brota por assim dizer do coração da Trindade, pode chegar a pôr em movimento a nossa vida e gerar compaixão e obras de misericórdia em prol dos irmãos e irmãs que se encontram em necessidade.
2. «Quando um pobre invoca o Senhor, Ele atende-o» (Sl 34/33, 7). A Igreja compreendeu, desde sempre, a importância de tal invocação. Possuímos um grande testemunho já nas primeiras páginas do Atos dos Apóstolos, quando Pedro pede para se escolher sete homens «cheios do Espírito e de sabedoria» (6, 3), que assumam o serviço de assistência aos pobres. Este é, sem dúvida, um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo: o serviço aos mais pobres. Tudo isto foi possível, por ela ter compreendido que a vida dos discípulos de Jesus se devia exprimir numa fraternidade e numa solidariedade tais, que correspondesse ao ensinamento principal do Mestre que tinha proclamado os pobres bemaventurados e herdeiros do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3).
«Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (At 2, 45). Esta frase mostra, com clareza, como estava viva nos primeiros cristãos tal preocupação. O evangelista Lucas – o autor sagrado que deu mais espaço à misericórdia do que qualquer outro – não está a fazer retórica, quando descreve a prática da partilha na primeira comunidade. Antes pelo contrário, com a sua narração, pretende falar aos fiéis de todas as gerações (e, por conseguinte, também à nossa), procurando sustentá-los no seu testemunho e incentivá-los à ação concreta a favor dos mais necessitados. E o mesmo ensinamento é dado, com igual convicção, pelo apóstolo Tiago, usando expressões fortes e incisivas na sua Carta: «Ouvi, meus amados irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres segundo o mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que O amam? Mas vós desonrais o pobre. Porventura não são os ricos que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? (…) De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta» (2, 5-6.14-17).
3. Contudo, houve momentos em que os cristãos não escutaram profundamente este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade mundana. Mas o Espírito Santo não deixou de os chamar a manterem o olhar fixo no essencial. Com efeito, fez surgir homens e mulheres que, de vários modos, ofereceram a sua vida ao serviço dos pobres. Nestes dois mil anos, quantas páginas de história foram escritas por cristãos que, com toda a simplicidade e humildade, serviram os seus irmãos mais pobres, animados por uma generosa fantasia da caridade!
Dentre todos, destaca-se o exemplo de Francisco de Assis, que foi seguido por tantos outros homens e mulheres santos, ao longo dos séculos. Não se contentou com abraçar e dar esmola aos leprosos, mas decidiu ir a Gúbio para estar junto com eles. Ele mesmo identificou neste encontro a viragem da sua conversão: «Quando estava nos meus pecados, parecia-me deveras insuportável ver os leprosos. E o próprio Senhor levou-me para o meio deles e usei de misericórdia para com eles. E, ao afastar-me deles, aquilo que antes me parecia amargo converteu-se para mim em doçura da alma e do corpo» (Test 1-3: FF 110). Este testemunho mostra a força transformadora da caridade e o estilo de vida dos cristãos.
Não pensemos nos pobres apenas como destinatários duma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou, menos ainda, de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora válidas e úteis a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida. Na verdade, a oração, o caminho do discipulado e a conversão encontram, na caridade que se torna partilha, a prova da sua autenticidade evangélica. E deste modo de viver derivam alegria e serenidade de espírito, porque se toca com as mãos a carne de Cristo. Se realmente queremos encontrar Cristo, é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres, como resposta à comunhão sacramental recebida na Eucaristia. O Corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis. Continuam a ressoar de grande atualidade estas palavras do santo bispo Crisóstomo: «Queres honrar o corpo de Cristo? Não permitas que seja desprezado nos seus membros, isto é, nos pobres que não têm que vestir, nem O honres aqui no tempo com vestes de seda, enquanto lá fora O abandonas ao frio e à nudez» (Hom. in Matthaeum, 50, 3: PG 58).
Portanto somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza encerra em si mesma. 4. Não esqueçamos que, para os discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de mais, uma vocação a seguir Jesus pobre. É um caminho atrás d’Ele e com Ele: um caminho que conduz à bemaventurança do Reino dos céus (cf. Mt 5, 3; Lc 6, 20). Pobreza significa um coração humilde, que sabe acolher a sua condição de criatura limitada e pecadora, vencendo a tentação de omnipotência que cria em nós a ilusão de ser imortal. A pobreza é uma atitude do coração que impede de conceber como objetivo de vida e condição para a felicidade o dinheiro, a carreira e o luxo. Mais, é a pobreza que cria as condições para assumir livremente as responsabilidades pessoais e sociais, não obstante as próprias limitações, confiando na proximidade de Deus e vivendo apoiados pela sua graça. Assim entendida, a pobreza é o metro que permite avaliar o uso correto dos bens materiais e também viver de modo não egoísta nem possessivo os laços e os afetos (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 25-45).
Assumamos, pois, o exemplo de São Francisco, testemunha da pobreza genuína. Ele, precisamente por ter os olhos fixos em Cristo, soube reconhecê-Lo e servi-Lo nos pobres. Por conseguinte, se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização. Ao mesmo tempo recordo, aos pobres que vivem nas nossas cidades e nas nossas comunidades, para não perderem o sentido da pobreza evangélica que trazem impresso na sua vida.
5. Conhecemos a grande dificuldade que há, no mundo contemporâneo, de poder identificar claramente a pobreza. E todavia esta interpela-nos todos os dias com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária e pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e pela escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, homens e crianças explorados para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro. Como é impiedoso e nunca completo o elenco que se é constrangido a elaborar à vista da pobreza, fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!
Infelizmente, nos nossos dias, enquanto sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados, frequentemente acompanhada pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana, causa escândalo a extensão da pobreza a grandes sectores da sociedade no mundo inteiro. Perante este cenário, não se pode permanecer inerte e, menos ainda, resignado. À pobreza que inibe o espírito de iniciativa de tantos jovens, impedindoos de encontrar um trabalho, à pobreza que anestesia o sentido de responsabilidade, induzindo a preferir a abdicação e a busca de favoritismos, à pobreza que envenena os poços da participação e restringe os espaços do profissionalismo, humilhando assim o mérito de quem trabalha e produz: a tudo isso é preciso responder com uma nova visão da vida e da sociedade.
Todos estes pobres – como gostava de dizer o Beato Paulo VI – pertencem à Igreja por «direito evangélico» (Discurso de abertura na II Sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, 29/IX/1963) e obrigam à opção fundamental por eles. Por isso, benditas as mãos que se abrem para acolher os pobres e socorrê-los: são mãos que levam esperança. Benditas as mãos que superam toda a barreira de cultura, religião e nacionalidade, derramando óleo de consolação nas chagas da humanidade. Benditas as mãos que se abrem sem pedir nada em troca, sem «se» nem «mas», nem «talvez»: são mãos que fazem descer sobre os irmãos a bênção de Deus. 6. No termo do Jubileu da Misericórdia, quis oferecer à Igreja o Dia Mundial dos Pobres, para que as comunidades cristãs se tornem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados. Quero que, aos outros Dias Mundiais instituídos pelos meus Predecessores e sendo já tradição na vida das nossas comunidades, se acrescente este, que completa o conjunto de tais Dias com um elemento requintadamente evangélico, isto é, a predileção de Jesus pelos pobres.
Convido a Igreja inteira e os homens e mulheres de boa vontade a fixar o olhar, neste dia, em todos aqueles que estendem as suas mãos invocando ajuda e pedindo a nossa solidariedade. São nossos irmãos e irmãs, criados e amados pelo único Pai celeste. Este Dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, 4 independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade. Deus criou o céu e a terra para todos; foram os homens que, infelizmente, ergueram fronteiras, muros e recintos, traindo o dom originário destinado à humanidade sem qualquer exclusão.
7. Desejo que, na semana anterior ao Dia Mundial dos Pobres – que este ano será no dia 19 de novembro, XXXIII domingo do Tempo Comum –, as comunidades cristãs se empenhem na criação de muitos momentos de encontro e amizade, de solidariedade e ajuda concreta. Poderão ainda convidar os pobres e os voluntários para participarem, juntos, na Eucaristia deste domingo, de modo que, no domingo seguinte, a celebração da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo resulte ainda mais autêntica. Na verdade, a realeza de Cristo aparece em todo o seu significado precisamente no Gólgota, quando o Inocente, pregado na cruz, pobre, nu e privado de tudo, encarna e revela a plenitude do amor de Deus. O seu completo abandono ao Pai, ao mesmo tempo que exprime a sua pobreza total, torna evidente a força deste Amor, que O ressuscita para uma vida nova no dia de Páscoa.
Neste domingo, se viverem no nosso bairro pobres que buscam proteção e ajuda, aproximemonos deles: será um momento propício para encontrar o Deus que buscamos. Como ensina a Sagrada Escritura (cf. Gn 18, 3-5; Heb 13, 2), acolhamo-los como hóspedes privilegiados à nossa mesa; poderão ser mestres, que nos ajudam a viver de maneira mais coerente a fé. Com a sua confiança e a disponibilidade para aceitar ajuda, mostram-nos, de forma sóbria e muitas vezes feliz, como é decisivo vivermos do essencial e abandonarmo-nos à providência do Pai. 8. Na base das múltiplas iniciativas concretas que se poderão realizar neste Dia, esteja sempre a oração. Não esqueçamos que o Pai Nosso é a oração dos pobres. De facto, o pedido do pão exprime o abandono a Deus nas necessidades primárias da nossa vida. Tudo o que Jesus nos ensinou com esta oração exprime e recolhe o grito de quem sofre pela precariedade da existência e a falta do necessário. Aos discípulos que Lhe pediam para os ensinar a rezar, Jesus respondeu com as palavras dos pobres que se dirigem ao único Pai, em quem todos se reconhecem como irmãos. O Pai Nosso é uma oração que se exprime no plural: o pão que se pede é «nosso», e isto implica partilha, comparticipação e responsabilidade comum. Nesta oração, todos reconhecemos a exigência de superar qualquer forma de egoísmo, para termos acesso à alegria do acolhimento recíproco.
9. Aos irmãos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos – que, por vocação, têm a missão de apoiar os pobres –, às pessoas consagradas, às associações, aos movimentos e ao vasto mundo do voluntariado, peço que se comprometam para que, com este Dia Mundial dos Pobres, se instaure uma tradição que seja contribuição concreta para a evangelização no mundo contemporâneo. Que este novo Dia Mundial se torne, pois, um forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres permite-nos compreender o 5 Evangelho na sua verdade mais profunda. Os pobres não são um problema: são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho.
Vaticano, Memória de Santo António de Lisboa, 13 de junho de 2017. Franciscus
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500º Aniversário do Início da Reforma
Por Wesley W Cavalheiro*
“Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est” (Igreja Reformada Sempre se Reformando) #Gisbertus Voetius
Em 2017 celebra-se os 500 anos da Reforma Protestante. A jornalista Míriam Leitão publicou um artigo intitulado “Os 500 anos da Reforma Protestante, que abalou o mundo”. Nele a autora descreve como uma iniciativa de debate, associada a outros dois elementos (a invenção da imprensa e a Igreja Católica Romana) mudou o curso da história. Ou seja, a confluência de três forças (Trindade – Lei dos Três) gerou um quarto elemento em uma nova dimensão que abalou o mundo…
Em 31 OUT 1517 o frade agostiniano chamado Martin Luther postou as suas famosas "95 tesis" na porta da igreja do castelo em Wittenberg, na Alemanha. Isso provocou uma tempestade de fogo muito necessária que continua até hoje. "Eu vim para acender fogo sobre a terra, e como queria que já estivesse aceso!", disse Jesus (Lucas 12:49). As chamas da reforma ainda estão queimando, trazendo regeneração e vida nova à sua vigília. Na maior parte, os católicos romanos viram a Reforma como a divisão da cristandade. No entanto, não deveríamos ter ficado surpresos com o chamado de Lutero para a reforma! Os católicos ensinam que "a igreja está sendo reformada, mas sempre precisa de reforma". A reforma é o processo perpétuo de conversão que é necessário para todos os indivíduos e para todas as instituições. Caso contrário, as pessoas e as comunidades se tornam ídolos. Em 31 OUT 2017 grupos de cristãos de diversas tradições se reuniram em frente à mesma porta em que Martin Luther fixou suas teses para afirmar que Aquele que os une é maior do que as diferenças. O cristianismo tem muitos períodos de mudança e revolta dramática, começando com os Privilégios Constantinianos e Separação dos Pobres em 313. No Grande Cisma de 1054, o Cristianismo se separou entre Oriente e Ocidente. Na minha opinião, é assim que a história e a espiritualidade avançam. A mudança nunca está em uma linha perfeitamente reta e lógica; isso acontece através de constante empurrão e atração, morte e vida, que reflete o Mistério Pascal:
Alguns pontos de uma Ordem Ideal são a maneira mais fácil de começar. Isto é seguido por uma experiência necessária de Transtorno, que os cristãos chamam de "a loucura da cruz". Finalmente, há uma 'reordem', o Nome do Corpo de Cristo, a Mente de Cristo ou a Ressurreição do Cristão! O padrão sagrado de Santa Afirmação => Redenção Santa => Conciliação Sagrada é um trabalho sutil, mas poderoso da graça. Sem a autocorreção do Santo Desapego, todas as pessoas e grupos se tornam idólatras de si mesmos e, portanto, corrompidos.
Na época da Reforma, isso foi verdade para a Igreja Católica. Como muitos luteranos agora sabem, isso também é verdadeiro para as novas igrejas protestantes e evangélicas. Ambos, protestantes e católicos, foram "reformados, mas continuam precisando de reforma" (Efésios 4:13). Ao mesmo tempo, estamos todos em Cristo. A Reforma conduziu a Igreja Católica até o Concílio Vaticano II de 1963-1965 para admitir seus erros e retornar a um cristianismo baseado nas Escrituras. Agora, pela graça de Deus, somos todos beneficiários de uma Santa Reconciliação por uma Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, formalmente aceita pelas autoridades teológicas mais altas do Vaticano e da Igreja Luterana em 1999. A declaração afirma que Lutero estava correto, entretanto ambas as igrejas ainda se dividem em formas próprias de pensamento duais e permanecem em seus campos de duelo por 500 anos. Um dos lados fez da Bíblia um ídolo (Sola Scriptura!) e o outro fez um ídolo fora da tradição (colocando toda a confiança na liderança), mas ambos eram muito iguais em sua idolatria humana de algo diferente de Deus. Ainda estamos aprendendo os perigos do conceito dual de "somente"!
A natureza de um Deus Trino, longe de uma abordagem teórico-filosófica, apresenta a dinâmica da interação entre as três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) e como esta interação tanto resulta na criação (você, eu e todo o universo), apresenta a natureza de Deus (amor) e, portanto, da criação, bem como revela o padrão de como pode (e deveria ser) o relacionamento saudável com Deus, com a criação (incluindo outras pessoas) e conosco mesmos: um fluxo de amor entre diferentes e singulares forças que resulta em graça. Esta abordagem tem como base um modelo de pensamento (mental, consciência) a Lei dos Três – a própria Trindade, que se contrapõe ao modelo dual (sim/não; bom/mau; bem/mal; belo/feio; sagrado/secular, direita/esquerda, conservadores/progressistas, fundamentalistas/liberais, católicos/protestantes). Este modelo dual vem de tempos imemoriais (segundo a tradição judaico-cristã, desde a Queda), mas foi consolidada como estrutura mental de processar pensamentos na Grécia antiga. Desde então ele tem sido a base de uma lógica que tem moldado tanto a maioria as ciências (incluindo a teologia) quanto a maioria das relações, o que faz com que tanto o conhecimento quanto as relações sejam muito limitadas. Aliás, os saltos de evolução que vivenciamos ocorreram justamente quando as pessoas se permitiram “pensar fora da caixa”, liberando-se dos modelos mentais padronizados dominantes e permitindo-se um modelo alternativo.
Ao observar a sociedade contemporânea, percorrendo vários países e em contato com pessoas de diferentes origens, minha percepção é que o cristianismo tem se tornado cada vez menos relevante. A causa disto, penso, é que ao longo do tempo o cristianismo foi se tornando uma instituição discriminadora e acumuladora, indo na contramão dos princípios fundantes, quais sejam, um organismo inclusivo e de fluxo livre (a prosperidade não é uma represa, mas um rio que flui abundantemente), mais reforçando as misérias humanas do que propondo uma alternativa de estilo de vida (e de ser): a imagem e semelhança do Deus Trino manifesto na encarnação em Jesus, vazio de poder, bens e prazer egóico, ou seja, a continuação da encarnação do Cristo. Richard Halverson certa vez disse: “No início, a igreja era uma comunhão de homens e mulheres centrada no Cristo vivo. Em seguida, a igreja chegou à Grécia, onde se tornou uma filosofia. Em seguida, chegou à Roma, onde se tornou uma instituição. Em seguida, chegou à Europa, onde se tornou uma cultura. E, finalmente, chegou à América, onde se tornou uma empresa“. Do alto dos meus chinelos de plástico ouso acrescentar “chegou ao Brasil e se tornou um evento”.
A prova disto é óbvia. No Brasil, observações apontam: – em determinada época, um dos municípios com maior índice de cristãos era, ao mesmo tempo, o município com maior índice de violência; – em outra época, um dos municípios com maior quantidade de igrejas cristãs, era (e ainda é), um dos municípios com maior índice de violência. – no Brasil, enquanto cresce a quantidade de cristãos professadamente praticantes, a situação do país, seja social ou economicamente, passando pelos aspectos de educação, segurança, política, sustentabilidade, dentro tantos outros, piora.
Talvez, nos 500 anos da Reforma Protestante, seja mais do que nunca necessário pensar-se em uma nova reforma. Agora, talvez não uma reforma de doutrinas ou teologia: mas de mentes e corações. Não do que pensar e fazer, mas de como pensar e ser – um pensar trinitário, interagindo mente, sentimentos e corpo; ou, em outra linguagem, corpo, alma e espírito (Santo?), resultando em vida cheia de graça. Temos distribuído textos que exploram esta maneira alternativa de ver a realidade (e de pensar) que Jesus expressou integralmente. Longe do que possa parecer, não se trata da apologia da religião cristã ou de um segmento do cristianismo. Uma das minhas referências, Richard Rohr, diz que “se uma coisa é verdade, ela é verdade em todo lugar”. A não dualidade, o modelo trinitário, por ser universal, é aplicável, como já mencionamos, a todos os campos em que o ser humano atua e interage. O foco não é religioso e tod@ aquel@ que tiver ‘boa vontade’ terá bom proveito, independente das convicções religiosas.
Você é convidado a considerar trinitariamente… sua vida pessoal, suas relações, seu trabalho, o sistema educacional, o sistema de segurança, a justiça, a política, a justiça social, o direito, a economia, o comércio… permita-se ‘experienciar’ um estilo de vida, aqui e agora, em uma nova dimensão! Os textos conterão conceitos e também exercícios práticos. Para receber os textos gratuitamente, inscreva-se em cadastro.enealumen.net Conhece alguém que possa estar interessado: incentive a se cadastrar. Faça parte de uma nova Reforma! “Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est” (Igreja Reformada Sempre se Reformando) #Gisbertus Voetius Viva com paixão
(*) Wesley W Cavalheiro é amante da perfeição do imperfeito. Teve sua alma forjada no mar, tanto o real quanto o metafórico, tanto em bonanças quanto em intempéries, dirigindo organizações, liderando equipes, gerenciando projetos. A vivência nos mares lhe ensinou a ver o não aparente e a discernir as tendências. Há cerca de 15 anos se dedica exclusivamente a contribuir para o enriquecimento de almas. Seu mestrado em planejamento proporcionou um dos seus maiores prazeres: vivenciar a impermanência de todas as coisas. Aprendiz incorrigível, encontrou no Cristo a referência do Eneagrama, o sistema que aponta o saber viver. Tutor, mentor e coach em desenvolvimento integral; treinador comportamental; palestrante, autor, consultor e assessor em gestão pessoal e organizacional, liderança, gerenciamento de equipes, tomadas de decisão, planejamento e estratégia.