top of page

 Editorial  Servas

Helena T. Rech

“Encontrar oásis em nosso deserto”




Em Tempos de Pandemia - Parte 6


Durante uma viagem para a Europa e Israel, sobrevoamos o deserto do Saara. Encantada contemplei da janela do avião, a imensidão do deserto... as diferentes cores da areia... o movimento do vento forte formando redemoinhos, nuvens de poeira... durante um bom tempo fiquei contemplando aquela paisagem que me encantava, imaginando-me daquele lugar. Como sobreviveria no deserto? Que faria? Encontraria água? algum ser vivo?... o sentimento era: serei apenas um grãozinho de areia na imensidão deste deserto...


Como encontrar “oásis” no deserto? E em nosso interior? Na convivência do isolamento ou na dor de tantas perdas humanas?


Para muitas pessoas o tempo de Pandemia/Covides19, pode ser ou parecer “deserto” tanto no isolamento social, como em seu interior. Tenho atendido virtualmente pessoas no acompanhamento espiritual, partilhas de vida e com florais de Bach. Algumas nem conheço, entram em contato comigo de outros Estados. O pedido de socorro é quase sempre o mesmo: ansiedade, solidão, medo, insônia... por favor, me ajude!


Saí ao seu encontro”. (Mt 25,6)


O texto de Mt 25, 1-13, descreve que no meio da noite chegou “o noivo” ... e as pessoas que estavam comlâmpadas acesas saíram ao seu encontro.

Não existem barreiras para o amor, pois ele rompe barreiras. O amor é lâmpada acesa, LUZ no meio da noite escura que muitas pessoas estão vivenciando.

Amar, neste tempo de pandemia, é ouvir o “grito” das pessoas, da humanidade ferida, contaminada; grito que ressoa nas noites e madrugadas sem amanhecer. Nas despedidas dos antes queridos que partem sem se despedir. Daqueles mortos pela violência.


Mas no meio da noite, o “noivo chegou” ... no deserto existe um “oásis” para quem mantém a chama do amor “acesa”; a chama da espiritualidade e da intimidade com a Trindade, com o Amado, Jesus de Nazaré, “noivo” de nossas noites e desertos. É só manter a “lâmpada acesa”.


O medo, a ansiedade, a solidão podem paralisar as pessoas, roubar o sentido, obscurecer a direção da vida. Não podemos perder a esperança de que em meio à pandemia existem oásis, lâmpadas acesas e o “Noivo” está sempre chegando. Ele está em nosso “castelo interior”, está nos aguardando em nosso “jardim secreto”.


Neste tempo temos vivenciado também o deserto do “racismo”, da “violência” e intolerância, da prepotência e abuso de poder. Sentimos e experimentamos em nós e na comunidade desejos profundos e medos desconhecidos, às vezes bloqueando nosso desejo de humanização, de uma vida mergulhada na mística do cuidado e ternura para com todos. A presença amorosa da Trindade, a espiritualidade do deserto, não é garantia de que tudo irá bem; mas será a nossa segurança de que o Pai cuida e recria tudo; Jesus, o Filho Amado é o Caminho e o Libertador e o Espírito e o laço de amor que nos une às “Três Pessoas Divinas” que estão presentes em qualquer situação que estivermos envolvidos. A Trindade é o “grande Sol” de nossa vida. É a “Fonte” que jorra água viva nos nossos desertos. É o abrigo mais seguro que ninguém pode violar. Por isso, “Nada te turbe, nada te espante, quem a Deus tem, nada lhe falta, só Deus basta”. (Santa Teresa de Jesus).


Não estamos alheios aos grandes desafios, nem à gravidade do tempo que vivemos. Mas podemos nos unir para a superação do “medo” que paralisa. Comprometer-nos naquilo que estiver ao nosso alcance, revestir-nos de coragem, que vem da comunhão e solidariedade, do cuidado da vida que nos vem d’Ele. “Não tenhais medo!” (Mt 10,31). Conservemos nossas “lâmpadas acesas”, o “Noivo” está chegando! No “deserto” existe uma Fonte. Prossigamos com “lâmpadas acesas” para encontrar “oásis” no deserto!

Ir. Helena T. Rech

Teóloga

Serva da SSma. Trindade

571 visualizações

Comments


bottom of page