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 Editorial  Servas

MÊS DE OUTUBRO: MÊS MISSIONÁRIO EXTRAORDINÁRIO | SÍNODO PARA A AMAZÔNIA | FESTA DA MÃE APARECIDA


“Sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (At 1,8)

Vivenciamos o mês de outubro. Há poucos dias iniciou-se a primavera. Tempo novo, tempo de florescer. É um tempo que em que a Igreja nos convida a termos um olhar voltado para a missão, tendo em vista os milhares e milhões de irmãs e irmãos nossos trazendo as suas mais diversas necessidades existenciais: pobreza, abandono, refúgio, violência, falta de conhecimento e adesão ao Deus de Jesus e até dúvida se esse Deus está mesmo do seu lado ou do lado dos que sempre ganham.

Neste ano, o mês de outubro está recheado de muitas propostas e convites:

  1. O Papa Francisco nos convoca a nos engajarmos concretamente no compromisso missionário, através do Mês Missionário Extraordinário, cujo tema é “Batizados e Enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”

  2. A realização do “Sínodo para a Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”

  3. A celebração de nossa Padroeira Nossa Senhora Aparecida, no dia 12 de outubro, cujo tema proposto pelo Santuário Nacional é: “Com Maria: escolhidos e enviados em missão”, em consonância com o Mês Missionário Extraordinário.

Batizados/as e Enviados/as

Um canto bem popular que a Igreja toda canta nos diz: Pelo batismo recebi uma missão, vou trabalhar pelo Reino do Senhor. Vou anunciar a boa nova para os pobres...”

Esse canto popular traduz de forma bem simples o que nos pede o tema do Mês Missionário deste ano. Todo batizado/a é um/a missionário/a ou tem o dever de ser. Por que não o fazemos? D. Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Felix do Araguaia – MT, escreveu há muitos anos, um subsídio bem simples, para o povo de sua prelazia, falando sobre o Batismo. Apesar do tempo passado, o questionamento continua muito atual. Ele diz que a maioria dos batizados “jogam o Batismo no lixo”. Por quê? Porque vão ou são levados à Igreja no dia do Batismo, tiram muitas fotos, hoje, compartilhadas nas redes sociais e tudo terminado. Muitos nem voltam mais à Igreja a não ser por uma necessidade especial ou participar de algum evento social. Não falamos somente em ir à Igreja, mas queremos realçar o compromisso recebido no Batismo: ser enviado/a em missão.

O Documento 105, da CNBB, por ocasião do Ano do Laicato, nos desafia já no seu tema e lema: CRISTÃOS LEIGAS E LEIGOS NA IGREJA E NA SOCIEDADE: Sal da Terra e Luz do Mundo (Mateus 5,13-14). Isso significa que, independente de nosso lugar na Igreja (papa, bispos, padres, irmãs consagradas, irmãos consagrados, leigos e leigas, casados/as solteiros/as, consagrados/as), pelo Batismo, temos uma missão. Precisamos ser Sal e Luz, para quem não sente mais sabor na sua vida e para quem vive nas diferentes trevas que escurecem a existência de tanta gente. O Profeta Isaías nos inspira na sua corajosa resposta diante da pergunta de Deus: “A quem enviarei?” Ao que o jovem Isaías responde: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me!”. (Is 6, 8). Precisamos desta coragem missionária a que o nosso Batismo nos convoca.

Sínodo para a Amazônia: novo Pentecostes na Igreja

Mais um gesto profético de nosso Papa Francisco: a convocação para o Sínodo para a Amazônia. O selo da profecia está, principalmente nos pronunciamentos agressivos dos poderosos, que reivindicam para si o poder de serem os donos de tudo, inclusive de Deus. Arrogância já lembrada no Salmo 73(72), 9.11: “Contra o céu colocam sua boca... e dizem: acaso Deus conhece? Existe conhecimento em Deus?” Todos os livros proféticos testemunham que os grandes e poderosos não suportam os profetas e sempre os perseguiram tirando de muitos a vida. É o destino dos profetas e mártires e Francisco, já na convocação do Sínodo, se inscreve nesta lista e está atraindo a ira dos grandes que vivem em função do lucro.

E o sonho do Papa Francisco se concretiza. Desde domingo, dia 06 até o dia 27, a Basílica de São Pedro, a sala sinodal, a Praça de São Pedro e todos os espaços do Vaticano estão repletos de uma imensa multidão. Além dos 257 bispos que foram convocados, circula por este espaço uma imensidão de convidados: indígenas, ribeirinhos, missionários e missionárias da Região Amazônica, teólogos e teólogas, mulheres e homens vindos dos mais longínquos rincões da imensa Amazônia que ocupa territórios de 9 países latino-americanos. Gente que traz suas línguas, suas tradições, seu jeito diversificado de vestir, sua cultura, seus símbolos, seus mártires e, principalmente, seus sonhos. E o Papa Francisco acolhe a todos e todas como o grande pai, a distribuir sorrisos e abraços, mas também fazendo ecoar sua palavra firme e profética. Na missa de abertura ele já denuncia: “O fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia, não é o do Evangelho. O fogo de Deus é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os lucros”.


A sessão sinodal do primeiro dia iniciou com uma procissão até a Basílica de São Pedro, completamente vazia de bancos e altares para dar lugar aos símbolos e cartazes lembrando os mártires do Evangelho, mortos em nome do Reino, sobretudo os da Amazônia. E Francisco caminhou com o povo, todo o trajeto, fazendo deste Sínodo uma peregrinação com os povos representados por todos e todas que vivem este grandioso momento. “Foi bonito viver essa peregrinação. Cheguei perto do Papa. Fiquei feliz. O Papa hoje olha para os povos indígenas e pela natureza. Ele chega perto da gente, se aproxima. Eu o presenteei com meu cocar que eu mesma fiz, com minhas mãos”, disse um dos participantes indígenas. E o Sínodo continuará até o final do mês. Quantas surpresas ainda teremos?

E em meio a todas essas notícias lindas e a reflexão frutuosa do Mês Missionário Extraordinário, a Mãe Aparecida caminha no meio de nós, com suas bênçãos e seu carinho, sobretudo, sobre os povos da Amazônia, que também a veneram com o título de Nossa Senhora da Amazônia, cuja imagem partilhamos.

Ir. Rosa Maria Gomes

Serva da Santíssima Trindade

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