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 Editorial  Servas

A sublime missão de cuidar dos pais: UM ATO DE AMOR


A sublime missão de cuidar dos pais: UM ATO DE AMOR

Tudo o que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente alimentado. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência”. (BOFF, 1999).

Todo ser humano precisa e merece ser cuidado desde o seu nascimento até o momento de seu retorno à Casa do Pai. Cuidar do outro é algo que faz parte da caminhada do nosso viver. A vida em todas as suas fases precisa ser cercada de amor, atenção, afeto, alegria, amizade...., sobretudo na velhice. Os limites da idade, doenças, perda de capacidades levam a pessoa idosa a uma maior dependência para sua segurança e melhor qualidade de vida.

Foi contemplando a realidade familiar de nossos pais idosos que, sensibilizadas pela necessidade de cuidados especiais, após discernimento orante e diálogo, apoiadas pela Congregação, tomamos a decisão de pedir um tempo de licença para cuidar dos mesmos. Não foi uma decisão fácil, mas o carinho de Deus Trindade, sua presença de luz, paz e amor nos deu firmeza em tal decisão.

Abdicar-nos da vida comunitária para dedicar-nos a esta missão específica, exige reorientar a própria vida, uma atitude madura de fé, discernimento, capacidade de resiliência, sem perder a centralidade do ser Consagrada, cultivando os vínculos congregacionais.

A arte de cuidar de nossos pais idosos nos leva a viver uma forte e profunda experiência na caminhada humana, plena de emoções, por vezes angustiantes, constitui o ato de amar e doar um tempo de nossas vidas àqueles que primeiramente se doaram a nós de forma incondicional.

Oferecermos nosso tempo e dedicação aos nossos pais é um ato de amor que vai além de nossa própria compreensão, mas que o fazemos com toda a inteireza de nosso ser, na gratuidade e generosidade de nossos corações que transbordam,e alcançamos o reconhecimento daqueles que nos deram a vidae merecem nossa reverência.

Ao cuidar de nossos pais, experimentamos o sagrado que há neles. Uma sabedoria simples, acumulada pelos anos vividos; muitos registros de histórias tatuadas em suas memórias são saboreados como se o passado fosse o sustento e afirmação do que um dia se foi... as limitações físicas quando não se pode mais fazer o que faziam se misturam com o desejo e a teimosia, medo da solidão, perda gradativa de suas capacidades física, intelectual e mental.Tudo isso afeta diretamente nossas vidas e nos leva a cuidar deles, exercitando a paciência, a escuta, a atenção generosa e gratuita.

Nosso coração está imbuído deste grande tesouro que é ser mulher consagrada, Serva da Santíssima Trindade, em nossa realidade familiar. Muitas vezes, o cansaço, as preocupações, a ansiedade fazem parte do ato sagrado de cuidar de nossos pais. Não é uma missão fácil, mas damos a ela um significado Divino para superar as dificuldades que se apresentam a cada dia. É preciso força interior, disponibilidade e esvaziamento no cotidiano.

Em meio aos desafios da rotina de cuidados, buscamos não perder de vista nosso ponto de partida, alimentando nosso amor e comunhão congregacional. Na medida de nossas possibilidades nos esforçamos para participar da caminhada congregacional, e sempre que possível estamos nos fazendo presentes em uma de nossas comunidades, para cultivo pessoal, oração e convivência comunitária, celebrações de nossas festas, formação continuada, retiros e outros.

Sentir o apoio, presença e comunhão orante de nossas Irmãs nos fortalece nesta missão especifica e nos dá a certeza de que tomamos uma decisão acertada.

Diante de tudo, a gratidão é a memória que fica gravada em nossos corações. A gratidão orante é a forma mais concreta e generosa que encontramos de voltarmo-nos para a Congregação e dizermos: OBRIGADA!

Ir. Lourdes A. Marcate

Ir. Brigida G. Machado

Servas da SSma Trindade


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